Dexter Morgan, protagonista do seriado cuja primeira temporada acaba de sair em DVD, é da estirpe dos assassinos seriais. Ao contrário de Hannibal Lecter, o mistério em "Dexter" não se elucida simplesmente com a exposição do lado escuro da alma e sua intriga não se resolve na mera oposição entre o mal e o bem.
Não por acaso a série se passa em Miami, cidade de cores quentes. Sob as sombras desse lugar ensolarado, Dexter transita sua aversão que desnuda tanta felicidade prêt-à-porter.
As ambigüidades da série começam na vida dupla do personagem central. Técnico de polícia, Dexter Morgan é também um assassino cuja especialidade é eliminar "serial killers".
O que interessa em "Dexter" não é a execução sumária disfarçada de justiça pelas próprias mãos. O ambiente policial é apenas um artifício ficcional no qual Dexter desfila seu ponto de vista em relação às fragilidades humanas.
Ao longo das histórias e das ações, o tempo todo se sobrepõe a voz do personagem, que comenta as obviedades dos comportamentos alheios.
Dadas suas características psicológicas e sua inclinação, Dexter é um solitário, alguém que enxerga e torna explícitas as armadilhas dos relacionamentos que o cercam. Sua acidez dirige-se, em particular, à família, foco das relações mentais, profissionais e criminais nesta primeira temporada.
Fator essencial para o sucesso da série é a presença de Michael C. Hall no papel central. Pelo excelente desempenho, o ator já foi indicado dois anos consecutivos ao Globo de Ouro.
Hall, conhecido como o David de "A Sete Palmos", traz a ironia do olhar, a aparência incomum e um tom sedutor de voz que afastam de seu Dexter qualquer rastro de monstruosidade, ao mesmo tempo em que o mergulha no poço sem fundo da humanidade.
sábado, 29 de março de 2008
Ambigüidade valoriza série sobre matador de matadores (Dexter) - CÁSSIO STARLING CARLOS
Vampiros, zumbis e "serial killers" são criaturas que nos metem menos medo do que se imagina. Seres de exceção, foram cultivados pelo cinema e depois pela TV como imagens distorcidas que refletem com mais fidelidade as fragilidades humanas do que as imitações perfeitas demais.
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