Não precisou acrescentar que essa gente é muito exigente. Professor então! Está acostumado com luxo. Eles não aceitam fazer reunião em qualquer lugar e de qualquer jeito. Fico imaginando o reitor convocando-os para um encontro e tendo que ouvir: "Tudo bem, magnífico, mas só se o saca-rolha for de R$ 859 e o abridor de latas de R$ 159. Outra coisa, magnífico, só jogamos lixo em lata inoxidável de R$ 1 mil. E no mínimo três, porque, enquanto discutimos, jogamos muito papel fora". Em tom professoral como convém a um reitor, Timothy Mulholand, aproveitou para ensinar que, além da necessidade de material durável, "não se mobilia uma casa de qualquer maneira, tem linhas de estética para poder ter um conjunto harmonioso". Ele tem razão, estética não é como ética, que não precisa de linhas nem de regras. Estética é fogo. Além do mais, foi tudo bancado pela Finatec, a fundação que nos últimos seis anos recebeu R$ 23 milhões da Universidade de Brasília. O melhor o magnífico guardou para o final da aula. Pressionado pelas evidências, achei que ele teria um surto de sinceridade e daria ao repórter a única explicação séria, aceitável: "e como é que eu podia adivinhar que iam descobrir?" Em vez disso, ele encerrou a sua aula assim: "Na há nenhum problema ético envolvendo. Nem legal, nem ético. Aquilo foi feito propositadamente com a finalidade institucional". Se criassem o Prêmio Óleo de Peroba para os maiores caras de pau do escândalo dos cartões corporativos, o reitor de Brasília seria forte candidato.
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008
Magnífico, reitor! - Zuenir Ventura
Não precisou acrescentar que essa gente é muito exigente. Professor então! Está acostumado com luxo. Eles não aceitam fazer reunião em qualquer lugar e de qualquer jeito. Fico imaginando o reitor convocando-os para um encontro e tendo que ouvir: "Tudo bem, magnífico, mas só se o saca-rolha for de R$ 859 e o abridor de latas de R$ 159. Outra coisa, magnífico, só jogamos lixo em lata inoxidável de R$ 1 mil. E no mínimo três, porque, enquanto discutimos, jogamos muito papel fora". Em tom professoral como convém a um reitor, Timothy Mulholand, aproveitou para ensinar que, além da necessidade de material durável, "não se mobilia uma casa de qualquer maneira, tem linhas de estética para poder ter um conjunto harmonioso". Ele tem razão, estética não é como ética, que não precisa de linhas nem de regras. Estética é fogo. Além do mais, foi tudo bancado pela Finatec, a fundação que nos últimos seis anos recebeu R$ 23 milhões da Universidade de Brasília. O melhor o magnífico guardou para o final da aula. Pressionado pelas evidências, achei que ele teria um surto de sinceridade e daria ao repórter a única explicação séria, aceitável: "e como é que eu podia adivinhar que iam descobrir?" Em vez disso, ele encerrou a sua aula assim: "Na há nenhum problema ético envolvendo. Nem legal, nem ético. Aquilo foi feito propositadamente com a finalidade institucional". Se criassem o Prêmio Óleo de Peroba para os maiores caras de pau do escândalo dos cartões corporativos, o reitor de Brasília seria forte candidato.
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