domingo, 17 de junho de 2007

Essa Coca é Fanta! - MARCOS AUGUSTO GONÇALVES

ELA É CARIOCA e veio a São Paulo fazer "uns trabalhos". Mas ficou no fim de semana, e fomos, com uma turma, à abertura da "galeria virtual" Florence Antonio. Casa incrível no Morumbi, projeto de Sérgio Bernardes, tudo super, ultra, mega transado. Em meio ao desfile de modernos, alguém comentou sobre o rapaz, que parecia interessado no jeitinho dela andar. Provocada, a carioca reagiu: "Não tem nada a ver: essa Coca é Fanta!".

Gírias, o Rio é bom nisso. Essa Coca é Fanta. Parece que é, mas não é. O rapaz era gay -óbvio, não precisava explicar.

Serve para várias situações. O PT, por exemplo. "Foi para isso que elegemos Lula?", perguntava Luiza Erundina na "Caros Amigos". E podia ter dito: "Essa Coca é Fanta!".

É também o caso de representantes do vetusto Judiciário, que vão se revelando tão intragáveis quanto a nossa chamada "classe política" -embora essa, na realidade, nunca tenha enganado ninguém. Ou melhor, o PT até que enganou, mas não engana mais. Dirão os ponderados que não é bem assim, que é melhor não generalizar, que a maioria dos parlamentares e governantes é gente de bem com espírito público.

Será? E o coro dos senadores em defesa do sr. Renan Calheiros -tremenda Fanta Uva de dois litros, quente e sem gás- que usava o lobista de uma empreiteira para sanar um caso extraconjugal?

Como é possível que os nobres colegas fiquem a protegê-lo, que ele continue no cargo e que se encene essa ridícula farsa em torno de uma "análise" do caso no Conselho de Ética do Senado? Francamente, alguém acredita em Conselho de Ética do Senado? Ou da Câmara?

Muito tem-se falado da passividade dos brasileiros em relação à corrupção. Reforça-se a idéia da gente apática, vida de gado, povo marcado, povo feliz. No domingo, José Alexandre Sheinkman, em sua coluna na Folha, manifestou a esperança de que, a exemplo do que ocorreu nos EUA no século 19, os brasileiros se tornem mais exigentes em relação ao nível de honestidade dos homens públicos. Tomara.

Mas a inexistência de manifestações públicas contra a roubalheira parece ser menos uma questão de caráter nacional e mais um problema político. Durante anos, o PT posou de ético e controlou as instâncias de mobilização social. Mas agora o partido se revelou corrupto e sua militância, pelega. Vivêssemos sob um governo tucano e as manifestações contra a corrupção possivelmente estariam nas ruas.

Ao mesmo tempo, o que deveria ser a oposição é risível. E sempre esteve desconectada dos chamados movimentos sociais -do PFL, que adotou a cômica sigla Democratas, ao PSDB, que vai sendo atraído pelo campo gravitacional de Lula, hábil articulador de um novo (velho) centrão. À esquerda, resta o PSOL, que está mais para banda de música do que para outra coisa.

O desnudamento do PT deixou a política sem um ponto de referência crível, capaz de articular e potencializar o sentimento de indignação que existe, sim, em setores importantes -os mais bem informados- da sociedade brasileira.

3 comentários:

Anônimo disse...

e, legal. os alunos da h1 odeiam a professora:alda

Anônimo disse...

vaca

Anônimo disse...

o robert mentiu que pinguin chingou que ele fuma pedra