segunda-feira, 11 de julho de 2011

O demolidor - Bruno Vinícius

Crônica do Leitor do Blog

Estão demolindo o mundo! Foi o primeiro pensamento que tive pela manhã. Mas logo percebi que estava equivocado, porque estavam demolindo só metade. O homem que bate forte com a sua marreta não é necessariamente o culpado, provável que a marreta tenha mais culpa que ele. Responsável mesmo por toda essa destruição é o meu vizinho, que teve a ideia de quebrar a própria parede, espero que não seja pra levantar outra. Paredes são como preconceitos, impedem a visão. Mas a questão não é visionária e sim incomoda, pois é incrível como o barulho parece ser aqui dentro da minha casa; não há nada mais invasivo do que barulho de marreta, observação que me fez comprar uma. Agora não baterei mais palmas na casa de amigos, darei marretada no chão - alguém vai me atender.
Sei que parece muito egoísmo da minha parte implicar com a reforma do vizinho, porque talvez um dia eu também queira reformar, se não for a minha casa talvez seja a dele.
Aff...
Percebo que o Homem por trás da Marreta (isso daria um belo filme) tem certa técnica, e quando começa a ficar insuportável o barulho, e a gente, uma pessoa irreconhecível, ele para. A calma nos retorna como se tivesse ido comprar pão.
O fermento da calmaria age ao contrário, ao invés de crescer diminuí. Antônimo de guerra, paz. Mas o homem parece conhecer a panificadora e o efeito da massa, no tempo certo recomeça e no tempo errado para. Não sei se compliquei misturando pão com marreta, uma coisa é certa, meu café seria bem melhor se não tivesse marreta com pão.
O homem bate bem ao lado do quarto dos meus sobrinhos, que por incrível que pareça, dormem como anjinhos. Eles não poderiam dormir de outro jeito. E aí está a lição das crianças. Não se preocupem com as marretadas que a vida dá. Não posso desprezar o controle de Deus em toda essa situação. Porque até a ideia de reforma ele permitiu que o vizinho tivesse. Condições pra comprar a marreta e saúde para o demolidor. Pra mim a lição deve mesmo ser de paciência. E eu nunca quis aprender nada com tanta rapidez!

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